9ª Aula - Encarnação Dos Espíritos
Parte A -
Finalidade-Limite-Necessidade E Justiça Da Reencarnação
- A alma
- Materialismo
- Ressurreição da carne
RESSURREIÇÃO DA CARNE
O termo “ressurreição” possui duas acepções. Etimologicamente tem
sua raiz na língua grega, especificamente da palavra anástasis, cujo
significado é surgir, erguer-se, levantar, sair de uma situação até outra. Do
latim, é extraída do vocábulo “ressurectio”, ou ação de ressurgir, retomar à
vida, reanimar-se.
Essa interpretação está contida no Evangelho de Mateus (cap. 22,
28, 30 e 31) cuja expressão ressurreição significa “ressurgir dos mortos”.
Para os hebreus ela fazia parte dos seus dogmas religiosos, com
exceção dos saduceus, seita judaica da época de Jesus (acreditavam que tudo
findava com a morte do corpo físico).
A REENCARNAÇÃO foi conhecida na Antiguidade como “ressurreição”. O
escritor espírita CELESTINO aponta o vocábulo ressurreição, que significa em
aramaico (língua falada pelo povo judeu) reencarnação (em seu livro ANALISANDO
AS TRADUÇÕES BÍBLICAS).
Atualmente, a ressurreição designa o retomo a vida do corpo físico
que está morto, sem vida. Esse fato está comprovado pela Ciência ser
impossível, além de contrariar as Leis Divinas. Se buscarmos ao longo da
História da Humanidade, a REENCARNAÇÃO foi conhecida ao longo dos tempos e compartilhada
na época atual com a metade da população mundial. Embora algumas religiões a
considerem uma autêntica heresia.
Para o termo existem também as denominações de “PALINGENESIA” E A
CRENÇA DE VIDAS SUCESSIVAS.
Compreende-se, dessa forma, que a reencarnação representa o retomo
da alma ou do Espírito a vida corporal, em um veículo diverso, recém-formado,
não tendo nada em comum com o anterior.
O Espírito Emmanuel ao lançar luz sob o tema, elucida: “Busquemos
o farol do amor e do entendimento, do bom ânimo e da paz, da solidariedade e do
amparo, aos que partilham, conosco, os caminhos evolutivos. Não encomendes, pois,
embaraços e aversões a loja do futuro, porque, a favor de nossa própria
renovação, concede-nos o Senhor, cada manhã, o sol renascente de cada dia”
FINALIDADE DA ENCARNAÇÃO
O que entendemos como ENCARNAÇÃO à luz da Doutrina Espírita?
- O objetivo fundamental da encarnação é a oportunidade para o
ESPÍRITO alcançar progresso intelectual e moral durante a passagem pela vida
corpórea.
DEUS concede aos seus filhos o mesmo ponto de partida a mesma
liberdade de agir, bem como oportunidades iguais. Pois do contrário todo
privilégio seria uma preferência e toda a preferência seria uma injustiça.
A Encarnação pode ser por EXPIAÇÃO: como cumprimento da LEI DE
CAUSA E EFEITO, quando o Espírito se encontra no mundo espiritual se recorda
tudo que praticou em sua estadia terrena, os bons atos e seus enganos, os quais
permitiram proceder erradamente. Após se arrepender pede para retornar a Terra.
Vem então, na maioria das vezes, com pessoas que fez sofrer, quer sofrimentos
físicos, materiais, sobretudo morais, para desenvolver no coração o verdadeiro
AMOR.
Como Jesus nos ensinou: “O AMOR COBRE MULTIDÃO DE PECADOS”.
Aprende suportar, assim, as adversidades com paciência, resignação
e fé. Por ter a certeza de que os sofrimentos não são eternos, poderá com mais
facilidade redimir os erros do passado. Não considera mais um castigo ou punição,
mas oportunidade bendita de evolução.
Pode ser uma PROVA: porém, nem sempre o sofrimento é decorrente de
uma falta cometida pelo Espírito. Pode ser uma escolha do Espírito que deseja
sofrer para mais rapidamente aprimorar o seu desenvolvimento moral.
Evidentemente não se pode confundir com a expiação, a qual será
sempre uma prova. No entanto, nem sempre a prova será uma expiação (ESE cap. V
item 9).
Pode ser também uma MISSÃO: sabe-se da existência de Espíritos
missionários com a finalidade de auxiliar a aceleração do progresso
intelectual, como é o caso dos cientistas Louis Pasteur, Thomas Edson e outros.
Igualmente para acelerar o progresso moral, como na hipótese de Chico Xavier,
Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, etc.
Por meio desses exemplos, os encarnados podem adquirir condições
para cumprirem sua parte como SER Integrante na Obra da Criação e para
caminharem juntamente com a marcha progressiva Universal.
A encarnação para o Espírito é um estado transitório. Contudo
necessita de um instrumento adequado para atingir com sucesso o objetivo
desejado a cada existência terrena.
NECESSIDADE DA ENCARNAÇÃO
Por que encarnamos?
- Segundo o ESE: “a passagem pela vida corpórea se faz necessária,
para realizarmos com ajuda do elemento material os propósitos cuja execução
Deus nos confiou”.
Pode-se compreender que a encarnação não é uma punição, nem é
verdade que somente os Espíritos culpados estão sujeitos a ela. Por exemplo, o
Espírito de um selvagem está no começo de sua vida espiritual. A encarnação para
ele será um meio de desenvolver a inteligência.
Mas, aquele que é esclarecido, em que o senso moral ainda não está
largamente desenvolvido se vê obrigado a repetir as etapas da vida corporal
cheia de angústias, enquanto já podia ter atingido o fim. E um castigo imposto pelo
próprio Espírito. (ESE cap. lV itens 25 e 26)
“A CADA UM SERÁ DADO SEGUNDO SUAS OBRAS. ” JESUS
Observa-se, portanto, que ninguém pode fazer a lição de casa pelo
outro na escola da vida terrena. Do princípio universal da vida e da
inteligência nascem às individualidades. (LE, 144)
LIMITE DA ENCARNAÇÃO
Kardec questiona, (LE, 168) a respeito do número de reencarnações
necessárias para o nosso desenvolvimento moral e o Espíritos Superiores
respondem o seguinte: a cada reencarnação são dados passos no caminho do progresso.
Quando já não apresentamos mais imperfeições ou impurezas, não mais precisamos
das provas da vida terrena. Não existe propriamente dito limite para a
encarnação, serão quantas forem necessárias e permitidas pela misericórdia
divina, a fim de haver a depuração da materialidade, à medida que o Espírito
possa atingir a perfeição.
Evidentemente o número de encarnações vai depender também da
individualidade de cada Espírito. (ESE cap. IV Item 24)
Faz-se mister conceituar a individualidade do Espírito,
caracterizada sob três aspectos:
1. GRAU EVOLUTIVO - em que ponto cada qual se situa na escala
ascendente evolutiva;
2. TENDENCIAS INATAS - cada um viveu uma história única, somatória
de experiências pessoais;
3. AS TAREFAS - cada Espírito traz consigo um propósito
específico, familiar, profissional e pessoal. Como ESPÍRITO IMORTAL todos tem
um papel a exercer perante o Universo.
JUSTICA DA REENCARNAÇÃO
O princípio da reencarnação não é privilégio exclusivo da Doutrina
Espírita, ele consiste em admitir e comprovar as existências das vidas
sucessivas, pois, do contrário, seria negar um dos atributos de Deus, que é
“SOBERANAMENTE BOM E JUSTO”.
Por meio da justiça da reencarnação, adquirem-se os meios para
alcançar o ápice da evolução, por se proporcionar a cada um a oportunidade de
realizar, em novas existências, o que não conseguiram fazer ou acabar em uma primeira
prova.
O homem que tem consciência de sua inferioridade encontra na
doutrina da reencarnação uma consoladora esperança (LE, 171)
A teoria de um Deus que castiga ou impõe penas eternas caiu por
terra com a vinda do Consolador Prometido no dia 18 de abril de 1857. A
esperança passou a brilhar sobre a Terra.
A ALMA
Alma é o Espírito encarnado, sede da vida imortal, do qual o corpo
físico é apenas o seu invólucro, um ser real, definido e sua morada provisória.
É indivisível. Somente o Espírito pensa, sente e transmite o movimento aos órgãos
do corpo físico animados pelo fluido vital. PERISPÍRITO - principio
intermediário, semi-material, que serve de primeiro envoltório ao Espírito. Une
a alma ao corpo.
MATERIALISMO
O Espiritismo surge em época na qual o materialismo imperava.
Os Espíritos Superiores no LE ensinam: aqueles que se aprofundam
mais em Ciências Naturais como os anatomistas, fisiologistas, geralmente são
levados ao materialismo. Passam em crer em tudo o que veem, não admitindo nada
que possa ultrapassar o seu entendimento. Sua própria ciência os toma
presunçosos. (LE, 147)
Segundo a definição do Dicionário “Espiritismo de A a Z”
acredita-se que o materialismo é mais do que uma expressão filosófica negativa,
é uma atitude mental em que se demora a atribuir as coisas da Terra uma
importância acima da que é lhes devida.
Pode-se distinguir os materialistas em duas classes:
Aqueles que pertencem à classe da negação absoluta, racionalizada
a seu modo. Entendem que tudo é matéria, não existindo substancia imaterial.
Para eles o homem é uma simples máquina, funciona enquanto está montada.
Desarranja-se ou para de trabalhar após a morte, somente restando
a carcaça. Para eles a natureza espiritual é propriedade da matéria.
A Segunda classe de materialistas é mais numerosa do que a
primeira, por representar o verdadeiro materialismo, um sentimento antinatural.
Compreendem os que agem com indiferença, por falta de algo melhor.
Existe neles uma vaga aspiração pelo futuro. Mas esse futuro foi
apresentado a eles de uma forma que a razão se recusa a aceitar. Como
consequência vem a dúvida, a incredulidade.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 132 a 148, 166 a
171, 1010 e 1010-a;
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. IV itens
1 a 17 e 24 a 26;
FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º ANO
PERALVA, Martins - O Pensamento de Emmanuel - item 11;
FRANCO, Divaldo - Joanna D’Angelis - Estudos Espíritas - item 5;
Parte B - Ninguém Pode Ver O Reino De Deus, Se Não Nascer De Novo
O Divino Mestre, com essa máxima, comprova a sua crença na
reencarnação. Em várias passagens dos seus ensinamentos redentores,
encontram-se relatos sobre esse tema.
Jesus interroga seus discípulos:
- Que dizem os homens sobre quem sou? Eles respondem: uns dizem
que sois João Batista; outros, Elias, outros Jeremias ou alguns dos profetas.
Jesus lhes disse:
- E vos, quem dizeis que sou? Simão Pedro, tomando a palavra, lhe
disse: VÓS SÓIS O CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO. E Jesus lhe responde: sois
bem-aventurado, Simão, filho de Jonas, pois não é nem a carne nem o sangue que
vos revelou isto, mas meu Pai que está nos Céus. (Mateus,16:13-17; Marcos 8:
27-30)
Tem-se a belíssima passagem, na qual após a transfiguração seus
discípulos lhe interrogavam dizendo: por que dizem os escribas que é necessário
que antes volte Elias?
Jesus lhes respondeu: De fato, Elias há de vir e restabelecer
todas as coisas; mas, eu vos declaro que Elias já veio, não o conheceram e o
trataram como lhes aprouve. E assim que eles farão sofrer o Filho do Homem.
Então seus discípulos compreenderam que fora de João Batista que Ele falara
(Mateus 17: 10- 13; Marcos 9: 11-13)
O pensamento de que João Batista era Elias e de que os profetas
poderiam reviver sobre a Terra segundo suas crenças encontra-se mais
especificamente em três relatos aqui descritos. Se Jesus considerasse a crença
da reencarnação um erro não deixaria de combatê-la. Por conseguinte, fica
evidente a conclusão: o corpo de João não poderia ser de Elias, João tinha sido
criança, conhecia-se seus pais (Zacarias e Isabel prima de Maria de Nazaré).
O profeta Elias reencarnou, porém não ressuscitou.
A passagem do Cego de Nascença: “E passando Jesus, viu um homem
cego de nascença. E seus discípulos lhe perguntaram: Rabi quem pecou este que
ali está ou seus pais, para que nascesse cego?
Jesus lhes respondeu: Não foram os seus pais, pois filho não herda
culpa dos pais e nem ele, mas o Espírito que nele habita” (João 9: 1-2)
Tem-se o relato mais conhecido, o “O Colóquio de Jesus e
Nicodemos”.
“Havia um homem dentre os Fariseus, por nome Nicodemos, senador
dos Judeus. Este, uma noite, veio encontrar
Jesus e lhe disse:
- Mestre, sabemos que és mestre, vindo da parte de Deus, porque
ninguém pode fazer estes milagres, que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
Jesus respondeu e lhe disse:
- Em Verdade, em Verdade vos digo que ninguém poderá ver o Reino
de Deus senão nascer de novo.
Nicodemos lhe disse:
- Como pode nascer um homem que já é Velho? Porventura pode entrar
no Ventre de sua mãe e nascer outra vez?
Respondeu-lhe Jesus:
- Em Verdade, em Verdade vos digo que quem não renasce da água e
do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne
e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não se maravilhes de eu Vos disser
que é necessário nascer de novo. O Espírito sopra aonde quer, e tu ouves a sua
Voz, mas não sabes de onde ele vem, nem para aonde vai. Assim é todo aquele que
é nascido do Espírito.
Perguntou Nicodemos:
- Como se pode fazer isto?
Respondeu Jesus:
- Tu és mestre em Israel, e não sabes estas coisas? Em Verdade, em
Verdade vos digo que contamos somente o que sabemos e damos testemunho do que
vimos; e tu, com tudo isso, não recebes o nosso testemunho. Se quando eu tenho
falado das coisas terrenas, ainda, assim não me crês, como crerias, se eu
falasse das celestiais! ”
(João 3:1 a 2)
Para compreender o sentido dessas palavras é igualmente necessário
se ater ao significado da palavra água que não foi empregada na acepção que lhe
é própria. Naquela época, os antigos tinham conhecimentos muito imperfeitos
sobre as ciências físicas; acreditavam que a Terra havia saído da água. Por
essa razão olhavam água como elemento absoluto.
Segundo essa crença, a água tornou-se o símbolo da Natureza
material, assim como o Espírito o da Natureza inteligente.
“Se o homem não renascer da água e do Espírito” ou “na água e no
Espírito”, ou seja, “Se o homem não renascer com o corpo e a alma”. Nesse
sentido é que foi compreendido o princípio da pluralidade das existências. (ESE,
cap. IV item 8)
O Divino Mestre indica o renascimento na matéria como condição
primordial para a aquisição dos bens imperecíveis, para a impressão no Espírito
dos Valores morais, que auxiliam o seu progresso ao reencarnar-se.
Entretanto, há conhecimento, embora uma minoria, de doutrinas
anti-reencarnacionistas. Excluem a preexistência da alma, sendo ela criada ao
mesmo tempo em que os corpos. Não existe, assim, entre as almas nenhuma ligação,
são estranhas umas às outras. Fica assim a união das famílias reduzida apenas a
filiação corporal.
Sem o princípio da reencarnação, não seria possível os Espíritos
formarem no espaço, grupos, famílias unidas pela afeição, pela simpatia e pela
similitude de inclinações. Se estão encarnados outros não, continuam unidos pelo
pensamento.
A verdadeira afeição é a espiritual, de alma para alma. E a única
que sobrevive a destruição do corpo material.
Os laços familiares são fortalecidos pelas Vidas sucessivas, caminhando
juntos para a sublimação espiritual.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. IV itens
1 a 3 e XIV;
Novo Testamento: Mateus XVI:13-17, XVII: 10-13 - Marcos VI:14-15,
XVIII: 10-20 e Lucas IX:7-9
KARDEC, Allan -A Gênese - Cap. IX, itens 33 e 34.
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 203 a 217 e
questões 773 a 775;
Fonte: FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º Ano – 37ª. Edição – Fevereiro/2012
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