10ª Aula - Pluralidade Das Existencias - Retorno A Vida Corporal
Parte A - Prelúdio Do Retorno - União Da Alma Ao Corpo - Ideias
Inatas – Encarnações Nos Diferentes Mundos
Sabemos que o princípio da reencarnação não é novo, ele é sabido
desde a mais alta antiguidade. Os fatos espíritas, sendo uma lei da Natureza
são de todos os tempos.
Equivocadamente, os antigos (filósofos indianos e egípcios)
admitiam a reencarnação de Espíritos humanos retornando aos corpos de animais,
ou seja, o fenômeno da Metempsicose, pensamento posteriormente corroborado pelo
filósofo grego, Pitágoras.
A Doutrina Espírita, através dos Espíritos, rejeita de maneira
mais absoluta esse pensamento, considerando que entre outros fatos, isso seria
retroceder, e o Espírito não retrocede. A reencarnação ensinada pelos Espíritos
está fundada sobre a marcha ascensional da natureza e a progressão do homem em
sua própria espécie.
Os Espíritos aos nos trazerem esclarecimentos sobre a pluralidade
das existências corporais, renovam e elucidam uma doutrina existente desde as
primeiras idades do mundo e que permanece até nossos dias no pensamento inato
de muitas pessoas.
Os Espíritos da Codificação nos mostram a reencarnação de forma
racional em consonância com as leis progressistas da natureza, e mais próxima
da sabedoria do Criador, portanto, sem superstições.
Aqueles que rejeitam a pluralidade das existências, como explicam
as diferentes aptidões existentes em cada criatura humana? Responderiam,
talvez, que se as almas são desiguais, é porque Deus as fez assim. Então, por que
essa superioridade inata concedida a alguns?
Essa parcialidade, esse favorecimento estará de acordo com a
justiça e com o amor de Deus dedica a todas as criaturas?
Joana de Angelis nos fala no livro “Estudos Espíritas”: ...”A reencarnação é a mais
excelente demonstração da Justiça Divina, em relação aos infratores das Leis,
na trajetória humana, facultando-lhes a oportunidade de ressarcirem numa os
erros cometidos nas existências transatas”.
Prelúdio do Retorno
Nas perguntas 330 a 343, de LE, encontramos os esclarecimentos que
nos levam a ter uma visão sobre o preparo dos Espíritos para a reencarnação,
constando as diferentes situações dos Espíritos na erraticidade com relação ao
retorno a vida corporal:
Uns pressentem que o momento de reencarnar se aproxima, porém, não
sabe quando isso ocorrerá.
Outros permanecem alheios à necessidade da reencarnação, e nem a
compreendem.
Alguns podem antecipar sua volta ao corpo físico, solicitando-a em
suas preces; pode também retardá-la, sofrendo assim, as consequências do seu
ato.
Mesmo quando felizes em uma condição mediana na Espiritualidade,
nela não podem permanecer indefinidamente, pela necessidade de progresso.
De acordo com as experiências pelas quais o Espírito deva passar,
é designado para ele corpo condizente. Poderá, também, pedir um corpo com
imperfeições que o ajudará no seu adiantamento, mas nem sempre é dele essa escolha.
Contudo, poderá recusar o corpo escolhido por ele, mas por isso, terá que
sofrer mais do que aquele que não tentou nenhuma prova. (LE, 335a) Há casos em
que a união do Espírito a determinado corpo, poderá ser imposto por Deus.
O instante da reencarnação é um momento solene para o Espírito,
que em sua perturbação natural, sabe que vai voltar a este mundo, mas não sabe
se será vencedor em suas provas.
O prelúdio da reencarnação é uma espécie de agonia para o
Espírito.
No momento da reencarnação, dependendo da esfera que o Espírito
habite, seus afetos o acompanharão, encorajando-o, e muitas vezes, até o seguem
durante a sua vida corpórea.
A união da Alma ao corpo
Na fecundação o ovulo é considerado um elemento passivo, pois fica
parado, é o espermatozoide que vai até o óvulo utilizando o movimento de seu flagelo
para se movimentar. Quando o espermatozoide entra no óvulo, forma-se o zigoto
que é a peça principal para a formação orgânica do novo organismo, pois seu
corpo se formará a partir do zigoto.
Em que momento a alma se une ao corpo?
- A união começa na concepção, mas não se completa senão no
momento do nascimento. Desde o momento da concepção, o Espírito designado para
tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai
encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito
que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número
dos vivos e dos servos de Deus. (LE, 344) O momento da concepção é aquele
quando o espermatozoide (célula sexual masculina), após avançar em corrida frenética,
encontra o óvulo (célula sexual feminina) e ao penetrá-lo, funde seus núcleos.
Após esse fenômeno, começa-se a divisão celular e o Espírito reencarnante
inicia a sua ligação fluídica, molécula a molécula.
Uma vez ligado ao corpo, o Espírito nunca será substituído por
outro naquele corpo. O que pode acontecer é uma renúncia do espírito ao corpo,
por sua fragilidade em enfrentar a prova iminente. Nesse caso, a criança não vinga.
Se o corpo escolhido por um Espírito morrer antes do nascimento,
esse Espírito escolherá outro, mas nem sempre de maneira imediata; o Espírito
tem seu tempo para escolha.
Normalmente essas mortes ocorrem por fragilidade da matéria. Esses
casos de mortes, que podemos chamar como prematuras ocorrem mais como provas
para os pais do que para o Espírito propriamente dito.
Uma vez da união ao corpo da criança, como “homem”, o Espírito
pode sentir-se infeliz pela escolha e desejar ter outra vida. Porém, o fator
escolha não é considerado no momento, porque o Espírito não se lembra da
escolha, mas pode recorrer ao suicídio, se achar a carga pesada demais.
No intervalo entre a concepção e o nascimento o Espírito não goza
de todas as suas faculdades numa totalidade, pois ele ainda não está encarnado,
apenas ligado ao corpo. A partir do instante da concepção, o Espírito é tomado de
perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência
corpórea. Essa perturbação cresce de continuo até ao nascimento. Nesse
intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o
sono.
À medida que, a hora do nascimento se aproxima, suas ideias se
apagam, assim como a lembrança do passado, se apaga desde que entra na vida.
Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco, ao retomar ao
estado de Espírito. Esse estado de perturbação é maior no nascimento do que no
desencarne.
Ao nascer o Espírito não recobra imediatamente a plenitude das
suas faculdades. Elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. O Espírito se
acha numa existência nova; preciso é que aprenda a servir-se dos instrumentos de
que dispõe. As ideias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que desperta
e se vê em situação diversa da que ocupava na véspera.
O feto em si, não tem uma alma uma vez que a encarnação está para
ocorrer, mas ele está ligado a ela. A vida intrauterina é como uma planta que
vegeta.
O aborto pode dar consequências graves tanto para o Espírito como
para os pais. É considerado crime em qualquer época da gestação, perante aos
olhos de Deus.
O aborto causa a interrupção de uma programação espiritual e faz
com que o Espírito não se sinta amado e não entenda o que está acontecendo ou,
por que ele foi rejeitado.
No caso de risco de vida da mãe, é preferível que a criança seja
sacrificada, uma vez que a mãe já está encarnada.
Esse feto deve ser tratado com todo respeito que qualquer
encarnado o teria após desencarne. Em tudo tem a mão de Deus, e é necessário
respeitarmos suas obras.
Quando uma criança, já no ventre da mãe, não tem possibilidades de
viver a função dela, é como prova para os pais. Existem também, o que
poderíamos chamar, ou o que chamamos de crianças nati-mortas, essas crianças jamais
tiveram um Espírito designado ao seu corpo. Pode chegar ao tempo normal do
nascimento, mas não efetiva a vida. Toda criança que sobrevive, tem
necessariamente um Espírito encarnado.
Resumindo desde o início da vida, que se dá no momento da
concepção, a responsabilidade é grande, pois já temos um Espírito destinado a
esse ser que se aproxima de nos através de um filho, e tem sua missão.
Ideias Inatas
As ideias inatas são o resultado dos conhecimentos adquiridos nas
existências anteriores, são ideias que se conservam no estado de intuição, para
servirem de base a aquisição de outras novas.
Encontramos uma série de casos de pessoas que nasceram em
condições precárias e, no entanto, conquistaram destaques na ciência, na
política, nas artes e em outros ramos do conhecimento humano.
Observamos também a existência de crianças precoces que, desde
pequeninas, conseguem tocar instrumentos musicais, fazem cálculos com precisão,
ou possuem conhecimentos que são compatíveis aos de um adulto.
Diante disso, questionamos:
Como se dão tais fatos, se não buscarmos a resposta na
reencarnação?
Só através dela é que sentimos a Justiça do Criador, dando a todos
a oportunidade de conquista da elevação espiritual.
Como Espírito encontra-se em constante evolução, acumula de
encarnação em encarnação conhecimentos, habilidades e ao reencarnar num novo
corpo mantém, de forma inata, o que conquistou em existências anteriores.
Na reencarnação há um esquecimento de nossa personalidade do
passado, não nos permitindo saber, salvo em condições excepcionais, quem fomos
ontem.
Os nossos conhecimentos adquiridos ficam adormecidos, porém não de
maneira absoluta, porque senão a cada reencarnação teríamos que começar todo o
aprendizado. Ocorre, também, que numa existência desenvolvemos mais nosso
potencial intelectual e em outra mais o lado moral.
A cada nova existência o Espírito tem como ponto de partida o que
aprendeu na vida anterior, acrescido certamente do que desenvolveu quando se
encontrava no Plano Espiritual. Nada do que aprendemos se perde, tudo fica
arquivado em nos; só vamos acumulando conhecimentos.
Encarnações nos Diferentes Mundos
Encontramos na questão 132 do LE que o objetivo da encarnação é
que cheguemos à perfeição.
Assim observamos que vivemos num mundo onde se encontram
encarnados Espíritos dos mais diferentes graus, tanto intelectual quanto moral.
Este mundo, como sabemos, é um mundo de provas e expiações, onde a dor supera a
felicidade; o mal supera o bem e que para conquistarmos a perfeição a que
estamos destinados, podemos entender que necessitamos de muitas encarnações que
serão neste orbe, como em outros, de acordo com nossa condição intelecto-moral.
E por estar em constante evolução, o Espírito jamais retrograda,
porém pode acontecer que não consiga acompanhar a evolução de um determinado
orbe para reencarnar novamente nele, dessa forma terá, para seu próprio benefício,
a oportunidade de encarnar numa nova morada. Exemplificando: sabemos que a
Terra só evoluirá para um planeta de regeneração, quando a sua destinação assim
indicar e que então os Espíritos que nela reencarnarem terão atingido um grau
mais elevado de inteligência e amor. Assim sendo, os Espíritos que não conseguirem
esta evolução, aqui certamente não reencarnarão.
Poderá também acontecer que um Espírito já voltado para bem, peça
para encarnar em um planeta mais inferior à sua evolução como missão, para
levar seus conhecimentos intelectuais e (ou) morais.
No LE, questões 180 a 183, temos:
Ao passar de um planeta para outro, o Espírito conservará a sua
inteligência e todas as aquisições que obteve, porém pode não ter condições de
manifestá-las, dependendo do corpo que escolher.
O estado físico e moral dos seres vivos não são sempre os mesmos
em cada mundo, porque os mundos também estão determinados à lei do progresso e
todos se iniciaram da mesma forma que a Terra.
Há mundos onde o Espírito deixa de revestir corpos materiais, e tem
por envoltório o perispírito, que é tão etéreo que para nós é como se não
existisse. O perispírito modifica-se quando o Espírito encarna em outro mundo, ou
seja, ele se reveste na matéria própria desse mundo.
Portanto, “Nossas diferentes existências corporais não se passam
só na Terra, mas nos diferentes mundos; a que passamos neste globo não é
primeira, nem a última e é uma das mais materiais e das mais distanciadas da
perfeição”. (LE, 172)
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 172 a 178, 218 a
221-a, 222, 330 a 360.
FRANCO, Divaldo - Joanna D’Angelis - Estudos Espíritas - item 8.
EMMANUEL, Francisco Cândido Xavier- Palavras de Emmanuel- item 41.
Parte B - Causas
Anteriores Das Aflições
“Mas se há males, nesta vida, de que o homem é a própria causa, há
também outros que, pelo menos em aparência, são estranhos a sua vontade e
parece golpeá-los por fatalidade. Assim, por exemplo, a perda de entes queridos
e dos que sustentam a família. Assim também os acidentes que nenhuma previdência
pode evitar; os reveses da fortuna, que frustram todas as medidas de prudência;
os flagelos naturais; e ainda as doenças de nascença, sobretudo aquelas que
tiram aos infelizes a possibilidade de ganhar a vida pelo trabalho; as
deformidades, a idiotia, e imbecilidade, etc.” (ESE, cap. V, item 6).
Aflição, segundo o Dicionário Houaiss:
1) estado daquele que está aflito
2) sentimento de persistente dor física ou moral; ânsia, agonia,
angústia
3) profundo sofrimento
Quando o sofrimento nos visita, devemos fazer a reflexão das suas
causas, visando estabelecer se são atuais ou anteriores a esta vida, mesmo
tendo os esquecimentos do passado, fica-nos uma lembrança, uma intuição.
“Que todos que são atingidos no coração pelas vicissitudes e
decepções da vida, interroguem friamente sua consciência; que remontem
progressivamente a fonte dos males que os afligem, e verão se, o mais
frequentemente, não podem dizer: Se eu tivesse feito tal coisa eu não estaria
em tal situação”. (ESE, cap. V item 4)
Muitas vezes praticamos algum delito, mas conseguimos escapar das
punições humanas por não haver provas suficientes, ou porque certas faltas não
são puníveis nos códigos penais, ou porque a crueldade e a ingratidão foram
praticadas dentro do lar, não havendo denúncia para gerar um processo. Mas
diante da Lei de Deus, nada passa sem resgate, desde a mais leve a mais grave
das faltas; quem semeia, tem que colher.
“Os sofrimentos produzidos por causas anteriores são sempre como os
decorrentes de causas atuais, uma consequência natural da própria falta
cometida. Quer dizer que, em virtude de uma rigorosa justiça distributiva, o
homem sofre aquilo que fez os outros sofrerem. Se ele foi duro e desumano,
poderá ser por sua vez, tratado com dureza e desumanidade; se foi orgulhoso,
poderá nascer numa condição humilhante; se foi avarento, ou se empregou mal a
sua fortuna, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá
sofrer com os próprios filhos e assim por diante”. (ESE, cap. V item 7)
Não podemos esquecer que nem todos os sofrimentos pelos quais
passamos, são consequências de faltas cometidas; pode tratar-se de provas
escolhidas por nós quando do nosso planejamento reencarnatório, visando acabar nossa
purificação e acelerar nosso adiantamento. Disso podemos dizer que toda
expiação serve como prova, mas nem toda prova é uma expiação. Como diz Kardec
no ESE, cap. V item 9:
“Mas provas e expiações
são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não
precisa de ser provado. Um Espírito pode, portanto, ter conquistado um certo
grau de elevação, mas querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa,
pela qual será tanto mais recompensado, se sair vitorioso, quanto mais penosa
tiver sido a luta“.
BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. V itens 6
a 10.
Fonte: FEESP – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO – 1º Ano – 37ª. Edição – Fevereiro/2012
Nenhum comentário